Os anjos, o céu e o gatinho Gabriel
Gabriel é um gatinho fofo, bom de apertar e lindo de se ver. Num mundo de gatos diversos, cada qual com sua caixa de areia – pequenas, médias ou grandes – Gabriel vive tranqüilo na sua caixinha particular. Ele come sua ração especial para gatos fofos, brinca de dar saltos ornamentais que só os gatos fofos sabem dar, e cheira tudo que pode, pois adora sentir cheiros diferentes. Gatinho nenhum mia como ele o seu miado especial (mas isso é bobeira de se dizer, já que cada gato mia como quer ou como pode, não é?).
Esse danado do gatinho Gabriel vê a areia de sua casa de um jeito só dele. Quando se cansa de dar saltos ornamentais de gatos fofos, ele olha, olha... Cada grãozinho de areia que brilha ao sol tem para ele um significado especial. Uns grãos são estrelas, outros cometas; alguns parecem diamantes, outros dinossauros; outros, enfim, parecem uma sujeirinha qualquer. Nenhum outro gatinho, por mais que olhe, olhe, não vê os diamantes coloridos, nem cometas que riscam o céu... Só mesmo o Gabriel. Se bem que isso também é meio engraçado de se pensar, já que cada brilho reflete diferente, dependendo dos olhos do gato que vê.
E de cheiro, nem se fala... Gabriel sabe os cheiros de tudo de cor, de um jeito que não dá prá explicar. Se ele olha outro gatinho, já se lembra do seu cheiro. Se vê um cocô de longe, o cheiro chega bem antes, pois seu narizinho não é um nariz qualquer : é um nariz especial, de gatos fofos e que saltam saltos ornamentais. Os outros gatos não cheiram como Gabriel; mas isso é normal, penso eu, cada qual cheira como dá, de acordo com o nariz que tem.
Ora, o gatinho Gabriel, como todo gatinho, tem seu papai e mamãe gato, que cuidam dele com carinho. Às vezes eles estranham um pouco tantos saltos e cheiros, miados diferentes e grãozinhos de areia que brilham. Mas se esforçam em perceber que Gabriel é feliz em sua caixa de areia, e o deixam ser como é. Vão aprendendo, com o tempo, que nesse negocio de ser feliz, é cada qual na sua caixa, cada gato do seu jeito.
Eu de minha parte, penso que os anjos são anjos por que o céu nasce dentro deles primeiro; só depois é que o sai pelas costas, em forma de asas, para que eles possam voar por aí.
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